A mostra “Múltiplo Leminski” será aberta ao público na próxima sexta-feira (12) e permanecerá em exposição por 100 dias
A solenidade de abertura, para convidados, acontecerá na próxima
quinta-feira (11), às 19 horas, quando será aberta também a exposição
Arqueologia em Linhas de Transmissão – Memória e Energia no Oeste do
Paraná.
Múltiplo Leminski, apresentada primeiro no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, vem a Foz do Iguaçu antes de seguir para outras cidades. Já estão programadas Goiânia e Fortaleza, além de outras quatro capitais. “A programação está fechada até 2015”, diz a curadora da exposição itinerante, Áurea Leminski. Além de Áurea, a mãe dela, Alice Ruiz, e a irmã, Estrela, são responsáveis pela mostra.
Alice Ruiz conta que a exposição veio a Foz do Iguaçu graças ao
apoio da Itaipu Binacional. Para ser montada no Ecomuseu, a mostra
precisou ser reduzida, já que o espaço no local – pouco mais de 300 m² –
é bem menor que no MON, onde a exposição se espalhava por uma área de
1.700 m².
Alice garante que todas as facetas de Leminski estão representadas
no Ecomuseu e vê até uma vantagem na concentração de todo o material em
menor espaço: “Fica mais aconchegante, mais intimista”, diz ela, também
artista múltipla: poeta, tradutora e parceira de músicos como Arnaldo
Antunes e Zélia Duncan.
Os múltiplos
A exposição traz
painéis com fotos, vídeos, discos, reproduções de grafites, histórias
em quadrinhos, poesias escritas em guardanapos, a máquina de escrever
que ele usava e muitos livros. Permite, assim, um passeio intelectual e
emocional pela vida de um homem que respirou cultura e expirou
originalidade e desassossego.
Polêmico,
Leminski era, no entanto, “um grande ser humano”, como diz Alice. Era
generoso no trato com os jovens, que “se sentiam especiais” quando
conversavam com ele. É este lado do poeta, segundo Alice, que a
exposição também procura valorizar, para “trazê-lo mais para perto das
pessoas”.
As facetas
A mostra é dividida pelas áreas de atuação de Leminski. O poeta,
por exemplo, reúne todas as correntes de que ele participou. Desde os
haicais (ele aprendeu japonês para entender a estrutura da poesia
oriental) aos poemas curtos, quase “pensamentos de humor”; de poesias
elaboradas dentro dos preceitos ocidentais à poesia marginal, passando
pelo concretismo, que ele admirava, e pelo poema visual.
Difícil encontrar alguém que não conheça alguma letra de Leminski,
mas poucos sabem que ele tinha também este lado compositor. “Verdura”,
gravada por Caetano Veloso, tem letra e música de Leminski. Como
letrista, foi parceiro de Moraes Moreira, Itamar Assumpção, entre
outros. Na exposição, crianças e adultos certamente vão se divertir com
as músicas de “Pirlimpimpim”, disco gravado por Guilherme Arantes com
músicas dele e letras de Leminski.
Na prosa, Leminski se destacou também em várias áreas. Por exemplo,
na ficção histórica “Catatau”, ou no romance “Agora é que são elas”,
que é quase um roteiro de cinema. Ele também escreveu contos, ensaios,
crônicas e biografias (Banshô, Cruz e Souza, Jesus Cristo e Trotski).
Como jornalista, manteve colunas em jornais (inclusive na Folha de
S. Paulo), onde expunha suas opiniões sobre tudo, principalmente
literatura. Esmerava-se ainda em crônicas. Na televisão, fez parte do
programa “Vanguarda”, da Rede Bandeirantes, onde também tinha uma
coluna.
Foi também tradutor. Do latim, transcreveu o clássico Satyricon, de
Petrônio. Do inglês, entre outras, traduziu obras de John Lennon
(“Atrapalho no trabalho”), John Fante (“Pergunte ao pó”) e “Sol e aço”,
de Yukio Mishima. Traduziu, via inglês, até poesia egípcia antiga (“Fogo
e água na terra dos deuses”).
Nas horas vagas, praticava judô, chegando a ser professor de artes
marciais. Dos tatames às salas de aula, Leminski foi professor de
cursinho, publicitário, palestrante e até autor de histórias em
quadrinhos eróticas.
Cosmopolita
Sua curiosidade
por línguas das mais diversas era insaciável. Na sua vasta biblioteca,
conta Alice, os livros mais consultados eram dicionários dos mais
variados idiomas. Ele chegou a estudar alemão para ler Goethe no
original. “Paulo era fascinado pela palavra em todas as línguas”, diz
Alice.
A filha dele,
Áurea, garante que Leminski se sentiria bem em Foz do Iguaçu, uma cidade
multicultural, onde se ouve nas ruas o português, o espanhol e o
guarani, língua que ele, sempre curioso, estudava. “Foz do Iguaçu é uma
cidade cosmopolita, por toda essa mistura de povos. E o Paulo, mesmo sem
ter saído do Brasil nenhuma vez, era também cosmopolita”, completa
Alice.
Prioridade: estudantes
No Museu Oscar
Niemeyer, de Curitiba, a exposição foi visitada por cerca de 200 mil
pessoas. No Ecomuseu, a entrada será livre para a comunidade de Foz do
Iguaçu e região. Os turistas que adquirirem ingressos para visitar os
atrativos do Complexo Turístico Itaipu vão ganhar entradas para apreciar
a mostra.
Paulino Motter,
assessor do diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, que
negociou a vinda da exposição, diz que será feito um trabalho com
escolas para agendar visitas monitoradas. “A exposição representa um
estímulo à leitura e à cultura em geral”, explica.
“O evento atende
à grande carência de Foz do Iguaçu na área cultural e, ainda, vai ao
encontro da política e da missão do Ecomuseu, de levar cultura aos
moradores de toda a região de influência de Itaipu”.
“Será certamente
a maior exposição que o Ecomuseu já realizou e colocará Foz no circuito
cultural brasileiro”, diz Paulino, lembrando que uma das reclamações
mais frequentes dos turistas que visitam a cidade é justamente a falta
de eventos culturais.
Para chamar a
atenção sobre a exposição, haverá intervenções poéticas e arte de rua em
espaços públicos de Foz do Iguaçu. Elas incluem grafitagem de poemas
curtos de Leminski – ação que ele mesmo fazia nas ruas de Curitiba.
ServiçoExposição Múltiplo Leminski
De 12 de julho a 20 de outubro de 2013
Local: Ecomuseu de Itaipu. Avenida Tancredo Neves, 6001
Telefone 0800 645-4645 / fax (45) 3520-6398 / reservas@turismoitaipu.com.br
Horário: de terça a domingo, das 8h às 16h30.
De 12 de julho a 20 de outubro de 2013
Local: Ecomuseu de Itaipu. Avenida Tancredo Neves, 6001
Telefone 0800 645-4645 / fax (45) 3520-6398 / reservas@turismoitaipu.com.br
Horário: de terça a domingo, das 8h às 16h30.
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