Um dos maiores símbolos culturais da
Bahia, as baianas do acarajé foram reconhecidas, nesta sexta-feira (26), como
Patrimônio Imaterial da Bahia, pelo governador Jaques Wagner. O ofício das
baianas também entrou para o livro de Registro Especial dos Saberes e Modos de
Fazer, consolidando uma tradição no Estado. A cerimônia, na Governadoria, teve
a presença dos secretários estaduais de Turismo, Domingos Leonelli, de Cultura,
Albino Rubim, e de Promoção da Igualdade Racial, Elias Sampaio. Também
estiveram presentes o superintendente do Iphan na Bahia, Carlos Amorim, e a presidente
da Associação das Baianas do Acarajé e Mingau do Estado da Bahia (Abam), Rita
Santos, além de outras autoridades.
O governador Jaques Wagner destacou a
importância das baianas para a cultura da Bahia e do país. “As baianas são
vistas como sacerdotisas, conselheiras. Elas levam consigo a magia da religião.
Não tem visitante que não queira comer um acarajé. Somos a fundação do Brasil
em todos os aspectos, na hospitalidade, na miscigenação e na raça do povo.
Inaugurar um espaço como este, para o reconhecimento dos fazeres da baiana como
Patrimônio Imaterial do Estado da Bahia, é uma honra”, comentou Wagner, que
abriu a sala de atos da Governadoria com o evento das baianas.
Para o secretário Domingos Leonelli,
além da significância para a cultura do Estado, as baianas do acarajé também
têm papel preponderante na promoção do turismo na Bahia. “As baianas são
figuras emblemáticas. As vemos desde crianças e elas tornam-se mestras do saber
na Bahia, principalmente do saber da preparação do acarajé, do abará e das
comidas santas. Elas são a representação do que faz o povo baiano diferente.
Elas fazem parte da nossa estratégia de divulgação da Bahia nas feiras e salões
de turismo em todo o mundo. Elas encantam e chamam a atenção para a cultura da
Bahia”, explicou Leonelli.
Titular da Secretaria de Cultura do
Estado, Albino Rubim destacou a figura feminina da baiana do acarajé como
representação de um estado e considerou o título de Patrimônio Imaterial como
um avanço nas políticas públicas, ideia compartilhada pelo superintendente do
Iphan na Bahia, Carlos Amorim. O representante do Iphan também chamou a atenção
para a presença das baianas do acarajé em todo o Brasil.
De acordo com Rita Santos, da Abam, a
estimativa é de que cerca de cinco mil baianas montem seus tabuleiros nas ruas
da Bahia para vender os quitutes que ganharam fama em todo o mundo. Entre elas,
o número de associadas da Abam é de três mil. No entanto, a Associação já tem
um projeto de mapear outros estados. “Sabemos que há presença de baianas em 12 estados
e em cinco países, a exemplo de Portugal, onde sabemos que existem duas
baianas”.
Sobre o reconhecimento, Rita comemora
a possibilidade de ter garantida a condição de passar o ofício e o conhecimento
para outras gerações. “Hoje é um dia para se comemorar. É o presente para quem
está aqui e o futuro para as (baianas) que ainda virão. Tentar preservar o
nosso ofício é poder fazer que os netos saibam o que é a baiana do acarajé,
saibam que a avó tem orgulho de ser baiana do acarajé e possam aprender.
Baianas e baianos do acarajé estão contemplados com essa iniciativa”.
Tradição
passada por gerações
Com tabuleiro de acarajé em frente ao
Farol da Barra, um dos principais pontos turísticos de Salvador, Tânia Nery é
um exemplo de baiana que tem a tradição passada de geração a geração. “Isso vem
desde a minha bisavó, eu passei para meus filhos e agora estou ensinando o
gosto para minha neta”, contou Tânia, ao lado da filha Ana Cássia, de 30 anos,
e da neta Ísis Sofia, que está às vésperas de completar quatro aninhos.
Devidamente paramentada, a menina foi uma das atrações do evento.
“Procurei preservar a cultura e manter
a tradição. Hoje sou referência na minha família. Meus filhos são formados, mas
não deixam de lado o que aprenderam comigo. O título é uma conquista, pois
somos baianas do acarajé e guerreiras. Tenho a certeza de que minha bisavó,
minha avó e minha mãe onde estiverem estarão felizes por agora sermos
Patrimônio Imaterial da Bahia. Esse título pertence também à minha neta, pois
já trabalho no consciente dela o que é ser baiana e ela já mostra gostar do
ofício”, comemorou Tânia.
Comentários