WTM Latin America encerra sua primeira edição superando expectativas do setor de turismo



Em seu primeiro ano, a versão latino-americana da World Travel Market, que acontece há 34 anos em Londres, conquistou o posto de maior evento da indústria do turismo do continente

A primeira edição da World Travel Market Latin America, a versão latino-americana de uma das maiores feiras de turismo do mundo, que aconteceu juntamente com o 39º Encontro Comercial Braztoa, terminou nesta quinta-feira, 25 de abril, superando as expectativas dos organizadores, expositores e visitantes que participaram deste que já se tornou o maior evento da indústria de viagens da região. Ao longo de três dias, milhares de visitantes e mais de 1,2 mil expositores de 44 países puderam estreitar laços, fazer novos contatos e, claro, fechar negócios no Transamerica Expo Center, em São Paulo.

A WTM Latin America ainda contou com mais de 30 palestras, seminários e encontros que permitiram que os protagonistas do turismo latino-americano e mundial pudessem discutir os desafios e identificar as melhores oportunidade do setor, que deve crescer a um ritmo de mais de 4% ao ano até 2017.

A aposta da Reed Travel Exhibitions em trazer a feira pela primeira vez para a região, após 33 anos de sucesso com a WTM London, se mostrou acertada. A pujança do setor no Brasil, que receberá quatro eventos mundiais nos próximos três anos, fez com que mais de 150 hosted buyers – compradores de produtos e serviços turísticos - de todas as regiões do mundo viessem em busca de oportunidades não só no país, mas como em toda a América Latina. “Este é um mercado com muito potencial. Queremos atrações para oferecer aos nossos clientes de todo o mundo”, diz Sonia Giaimo, gerente de contratos da JacTravel, uma das maiores fornecedoras mundiais de reservas online de hotéis e serviços de turismo receptivo, baseada na Grã-Bretanha.

Os avanços econômicos e sociais conquistados pelos países na América Latina - apenas no Brasil 35 milhões de pessoas ascenderam à classe média em 10 anos - também atraíram centenas de produtos e serviços interessados em seduzir os latino-americanos a visitar seus destinos. Países que sempre focaram suas estratégias em mercados mais maduros decidiram apostar na região. Nepal, Butão, Namíbia, Gana e vários outros vieram a São Paulo mostrar o que têm a oferecer aos visitantes. “Nós sempre focamos nos mercados europeu e norte-americano, mas agora achamos que está na hora de olhar com mais atenção para o Sul”, diz Georgio Macedo, gerente de produtos da Girafuna Tours, operadora receptiva de Honduras.

A disputa promete ser dura. Os europeus e norte-americanos, que hoje recebem a maior parte dos turistas da América Latina, também estavam em peso na feira. Sua principal patrocinadora, a Alemanha, veio decidida a se tornar o primeiro destino dos brasileiros na Europa. “Este é o ano da Alemanha no Brasil, é o momento certo para estreitarmos ainda mais os laços”, disse Constanze Hilgers, diretora de destinos do Escritório Nacional do Turismo Alemão.

A WTM Latin America também foi palco de diversos eventos paralelos. Alguns deles de grande porte, como o Fórum de Turismo de Lazer da Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo). A ICCA(International Congress and Convention Association) também aproveitou o evento para realizar o Fórum Latino-Americano MICE (Meetings, Incentives, Conferences and Exhibitions).

“A WTM Latin America cumpriu seu objetivo. Promoveu a América Latina para o mundo e trouxe o mundo para a América Latina”, garantiu Lawrence Reinisch, diretor do evento. “É o resultado natural da maturidade do turismo brasileiro. A feira impressionou os visitantes pela beleza, montagem e variedade e também impressionou os expositores pelo foco em negócios e profissionalismo dos visitantes”, concluiu.

Fórum de Negócios Alagev

A Associação Latino Americana de Gestores de Eventos e Viagens Corporativas (Alagev) aproveitou o último dia da feira para realizar o seu Fórum de Negócios. Em duas palestras descontraídas – e concorridas -, a Academia de Viagens, uma consultoria especializada em cursos para agências de turismo, apresentou aos participantes os conceitos, os desafios e as vantagens de se estruturar uma gestão de receitas eficiente. Em seguida, os associados da Alagev e os demais participantes do Fórum discutiram as melhores maneiras para criar e manter um programa de parceria de sucesso. “Estamos completando 10 anos e não poderia haver melhor maneira de celebrar do que fazendo um encontro como esse na WTM Latin America”, disse Aline Bueno, diretora da Alagev.

Facebook para empresas de viagens

Nesta quinta-feira o Facebook, a maior rede social do mundo, também foi foco de atenção dos participantes da feira.  “Quase 70 milhões de brasileiros o usam de forma ativa no país e passam oito horas por mês, em média, conectados em seus perfis", afirmou João Carlos Pastore, representante da companhia americana no Brasil e um dos palestrantes do painel "Facebook e o segmento de viagens e turismo”. "No Brasil, dos dez check-ins mais frequentes na rede, oito são em aeroportos", diz Pastore. E é aí que entram as empresas do setor. 

A sócia-diretora de marketing do Hotel Urbano, Roberta Antunes, falou sobre as estratégias da empresa na rede social, que é um importante caso de sucesso no país, com 6,6 milhões de likes na rede. "Todo o processo de decisão de uma viagem pode ser feita dentro do Facebook. É nisso que baseamos nossa estratégia", conta. E é nisso, diz ela, que as empresas precisam ficar atentas.

Hotelaria brasileira

A palestra "Hotelaria no Brasil: Panorama, tendências e oportunidades", ministrada por José Eduardo Camargo, redator-chefe do Guia Quatro Rodas, mostrou como o setor deve aproveitar os importantes eventos esportivos que país vai sediar nos próximos três anos, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Ele, no entanto, chamou a atenção para um item importante no perfil do setor hoteleiro do país: cerca de 50% dos hotéis são classificados como simples. "Todo mundo vai ter acomodações nos eventos que o Brasil irá sediar? Sim. Mas vai faltar leito qualificado", aponta José Eduardo, que acredita ser esse o momento para diversificar os investimentos. "É uma boa oportunidade para novos negócios", completa.

O jornalista também ressaltou o incrível aumento sofrido pelos preços de hospedagem nos últimos anos. As tarifas balcão de um apartamento duplo passaram de R$ 259 em 2007 para R$ 403 em 2013, o que representa uma diferença de 55%. Já as de um apartamento single subiram de R$ 192 para R$ 309 no mesmo período, o que representa um crescimento ainda maior, da ordem de 61%.

Turismo LGBT

O mercado de turismo voltado para gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros e simpatizantes - GLBTs - vai movimentar US$ 181 bilhões no mundo em 2013. O dado foi divulgado pelo CEO da empresa de publicidade Out Now, Ian Johnson, na palestra "América Latina LGBT - Como abrir o mercado gay de viagens". De acordo com ele, só o Brasil vai receber US$ 22,9 bilhões. Cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Florianópolis estão entre os cinco principais destinos da América Latina. "É só preciso ter respeito com esse público. Com isso, qualquer empresário fará um bom negócio", ressalta Johnson.

A WTM Latin America 2013 foi organizada pela Reed Travel Exhibitions, sediada em Londres. Contou com apoio institucional da Embratur e patrocínio da Alemanha, Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Sebrae Nacional, Accor e Travelport. Mais informações podem ser obtidas emwww.wtmlatinamerica.com.

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