Primeiro dia da World Travel Market Latin America é marcado por otimismo e expectativa de grandes negócios
Mais de 1,2 mil expositores de todo o mundo estão na
primeira edição de uma das mais importantes feiras de turismo mundial no
continente.
O primeiro dia da Word Travel Market Latin America, a
principal feira mundial de turismo que acontece pela primeira vez no
continente, foi marcada pelo otimismo do setor em relação ao mercado de viagens
na América Latina e, em especial, no Brasil. A expectativa é de que o volume de
desembarques internacionais nos países do continente amplie ainda mais o ritmo
de crescimento que vem registrando na última década.
Mesmo com a crise financeira mundial, que afetou o
desenvolvimento econômico dos países do globo como um todo, o setor de turismo
foi vetor de desenvolvimento das economias. Só nos países da América Latina, o
número de desembarques cresceu quase 50%, saindo de 54 milhões em 2003 para os
80 milhões previstos para esse ano. “Decidimos vir pela primeira vez para
o continente por causa de números como esse e por conta do protagonismo que o
Brasil terá no setor nos próximos anos”, disse Andrew Fowless, CEO da
Reed Exhibitions, durante a cerimônia de abertura do evento, realizada ontem(23) em
São Paulo, no Transamerica Expo Center, e que estava lotada. Esta companhia
inglesa promove a World Travel Market London, feira que ocorre há 34 anos e, só
no ano passado, movimentou mais de 1,8 bilhão de libras esterlinas em negócios.
Já para Marco Ferraz, presidente da Associação
Brasileira de Operadoras de Turismo (Braztoa), tanto o setor está
comprovadamente crescendo que ele fez uma comparação entre a primeira edição do
Encontro Comercial da entidade com a atual, que é a 39ª. “Começamos de
forma muito tímida e desta vez, em parceria com a WTM Latin America,
registramos um recorde de 8 mil metros quadrados vendidos, além de ótimos
contatos e bons negócios”, declarou.
Apesar do tom continental, a grande estrela da WTM
Latin America, sem dúvida, está sendo o Brasil. Com quatro eventos mundiais
programados para os próximos três anos, os olhos do mercado mundial de turismo
estão voltados para o país. “Temos avançado, mas ainda há muito o que
melhorar”, reconheceu o ministro do Turismo, Gastão Vieira, que
participou da abertura da feira. “Os nossos números ainda são pequenos se
levarmos em consideração todo o potencial brasileiro”, afirmou ele,
lembrando que o número de embarques internacionais chegou à casa dos 9,2
milhões em 2012, um recorde histórico.
No ano passado também, mesmo com o agravamento da crise
europeia e todo o processo de reestruturação interna dos países que
participaram da Primavera Árabe, o mundo, pela primeira vez na história,
ultrapassou a marca de 1 bilhão de desembarques internacionais. “Isso
mostra que está se viajando mais e, por isso, em 2012, o G20 classificou o
turismo como um setor primordial para o desenvolvimento econômico e de geração
de empregos”, afirmou o Diretor Executivo da Organização Mundial das
Nações Unidas, Márcio Favilla. “O setor de turismo está crescendo de
forma saudável e ajudando vários países a se desenvolver”, diz.
Prova maior disso talvez seja a grandiosidade da World
Travel Market em sua primeira edição na América Latina. Ao todo, mais de 1,2
mil expositores estão instalados no Transamerica Expo Center até a próxima
quinta-feira, 25 de abril, na tentativa de fazer negócios com os milhares de
visitantes que devem vir de todos os países do continente. Pela primeira vez,
países como Zimbábue, Namíbia e Botsuana, que tradicionalmente investem na
captação de países europeus e norte-americanos, estão direcionando seus
esforços ao Brasil. Ao todo, são 44 países, além de vários estados americanos,
expondo. Todos de olho no potencial do turista brasileiro, que só no ano
passado deixou mais de US$ 22 bilhões mundo afora.
Se depender de Constanze Hilgers, Diretora de Destinos
do Escritório Nacional do Turismo Alemão, eles terão uma concorrência forte.
“Nosso objetivo é nos tornamos a primeira escolha dos brasileiros na
Europa”, diz ela. Hilgers também aposta no fato de esse ser o Ano do
Alemanha no Brasil para seduzir os brasileiros a visitar com mais frequência a
terra da cerveja. “Agora temos mais uma coisa em comum além do futebol: a
paixão por viajar”, diz ela, que considera a WTM Latin America a ocasião
perfeita para dar o grande pontapé do Ano da Alemanha no Brasil.
Seminários
Como parte da intensa programação do evento, que atraiu
centenas de espectadores, um dos destaques foi a palestra “As mídias
sociais e o legado da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos para o
turismo”, proferida por Mark Frary, William Bakker e Martine Ainsworth-Wells.
Com a exibição do vídeo de abertura dos Jogos Olímpicos
de Londres, que ficou famoso por mostrar a rainha da Inglaterra saltando de
paraquedas com o ator Daniel Craig, que interpretou James Bond nos mais
recentes filmes da série, Mark Frary nos deixou claro qual é a importância da
atuação das redes sociais em um evento de grandes proporções. “Este vídeo
vai ser visto muitas vezes ainda, assim como trabalhos parecidos que poderão
ser feitos nos próximos Jogos. Cabe ao Brasil cuidar disso agora”, disse.
Mesa redonda da OMT aborda pacotes multidestinos
Além de marcar presença na cerimônia de abertura da WTM
Latin America, através de seu diretor Márcio Favilla, a Organização Mundial do
Turismo, órgão oficial das Nações Unidas, deu uma importante contribuição ao
evento ao organizar uma mesa redonda com alguns dos mais importantes nomes da
indústria.
O principal assunto discutido foi o aumento da oferta
de pacotes multidestinos para a América Latina frente aos mercados
internacionais, como o norte-americano e o europeu, como forma de fomentar o
mercado de turismo e atrair viajantes para a região. Uma das conclusões a que
se chegou é que, para que isso seja possível, deve-se eliminar algumas
barreiras. “É muito comum que brasileiros, quando viajam para a Europa,
conheçam vários países de uma vez só”, diz Marco Ferraz, presidente da
Braztoa. Aqui, no entanto, o mercado encontra resistência ligada, em grande
parte, a processos burocráticos de travessia na fronteira do país e pouca
conectividade aérea e terrestre – nesta última, estão incluídas preço e
taxas altas para o transporte e outros serviços. “O custo de
atividades e serviços ligados ao lazer no Caribe, por exemplo, é até 60% mais
barato em relação ao Brasil”, ressalta Roberto Rotter, presidente do
Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB).
Para minimizar o impacto negativo no setor, a Braztoa
declarou que é contra a exigência de visto para estrangeiros no país.
“Não há porque manter essa burocracia para turismo entre nações que têm
uma boa relação diplomática”, defende Ferraz, presidente da
organização. Desta forma, a expectativa do mercado é que o avião que leva
um número cada vez maior de brasileiros para o exterior também traga mais
estrangeiros para o Brasil, confirmando, assim, que o turismo nacional está
traçando o caminho que o levará para a sua maturidade.
Fórum Braztoa
Outro destaque da programação da WTM Latin America e do
39º Encontro Comercial Braztoa foi o Fórum de Turismo de Lazer da Braztoa, que
se dividiu em dois seminários.
O primeiro reuniu representantes de distintos segmentos
do trade para discutir novos formatos de venda de pacotes de viagens: atacado,
online, vendas diretas e corporativo. Um dos palestrantes foi Rui Alves, sócio
da Gapnet, que levantou uma boa polêmica, ao criticar a concorrência entre os
players do mercado. “Não vejo a Ford mudando os preços de seus produtos
para atingir outras montadoras de veículos, por exemplo”, diz ele,
fazendo uma analogia. “Mesmo assim, a projeção é de que a demanda
continue subindo para os pacotes. Esperamos 200 milhões de vendas para 2020.
Atualmente são 100 milhões”, completou.
A WTM Latin America continua até quinta-feira, com mais
rodadas de negócios, exposições e seminários. Mais informações podem ser
obtidas no site www.wtmlatinamerica.com.
Assessoria de Imprensa da WTM
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