Entra em vigor nova legislação para a produção de vinagre




Novas regras para o setor produtivo do vinagre começaram a valer no último sábado (dia 6), modificando as nomenclaturas dos produtos e proibindo a produção de alguns tipos, como agrin e o vinagre escuro


Um dos principais derivados do vinho – o vinagre – deve respeitar uma nova legislação desde sábado (dia 6). A Instrução Normativa nº 6 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Mapa) promoveu mudanças nas nomenclaturas e extinção de alguns tipos de vinagre, como o “vinagre escuro”, que adicionava caramelo para imitar o legítimo vinagre de vinho tinto. Para se ter uma ideia do reflexo da medida, o vinagre de álcool escuro era dono de aproximadamente 45% do mercado, que fatura cerca de R$ 240 milhões por ano. 

Outro produto proibido a partir de agora é o vinagre misto (agrin), produto que era feito de álcool de cana de açúcar com vinho tinto. Os vinagres escuros e agrin são donos de mais de 50% do mercado hoje, isto é, mais de 100 milhões de litros. As medidas ainda determinam que todos os vinagres de álcool que tenham a adição de algum produto sejam identificados pelas expressões “colorido” e/ou “aromatizado”. A norma também proíbe o uso na rotulagem de expressões não regulamentadas como artesanal, caseiro, familiar, reserva, gran reserva, premium, entre outras. “A partir de agora, vinagre escuro, só aqueles produzidos com vinho tinto”, afirma o diretor-executivo da Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi), Darci Dani. “O problema é que o consumidor era levado ao erro, comprando vinagres escuros artificialmente coloridos com caramelo e com quase nada de vinho”, explica.

A legislação define, agora, que os vinagres de álcool puros, que são coloridos artificialmente, não podem mais ter grandes adições de corante, justamente para não ser confundidos com o vinagre de vinho tinto. Eles deverão ser chamados de vinagre de álcool colorido. “As novas regras estabelecem padrões de identidade e qualidade aos vinagres produzidos no país”, destaca Marcelo Cereser, diretor da Associação Nacional das Indústrias de Vinagre (Anav). “Quem ganha é o consumidor, que terá vinagres mais aromáticos e naturais, ou seja, produtos mais elaborados e sofisticados”, acrescenta. “O vinagre de vinho é mais nutritivo e traz mais benefícios à saúde das pessoas”, afirma. 

Dentro ainda das modificações de nomes, o produto que hoje é conhecido como de vinagre de álcool com ervas finas, passa a ser identificado como vinagre de álcool aromatizado com ervas finas. O mesmo vai ocorrer com os de hortelã e alho. Os vinagres que levam adição de algum suco, como é o caso do limão, deixam de ser chamados de vinagre de álcool com limão e passam a vinagre de álcool composto aromatizado de limão. Os que são feitos com base em maça, por exemplo, serão chamados de vinagre de fruta. “A expectativa é aumentarmos de 25 a 30 milhões de litros de vinhos tinto e branco por ano destinados à elaboração de vinagres no Brasil”, projeta Cereser.

Nova demanda por vinho
O consumidor não sabe, mas, atualmente, em torno de 90% de todo o vinagre produzido no Brasil – 200 milhões de litros por ano – são feitos a partir do álcool de cana de açúcar. Somente uma pequena quantidade tem origem no vinho, ao contrário do que se poderia imaginar. Darci Dani considera que se abre uma nova demanda para o alto volume de estoques de vinhos presente na indústria nacional. “É uma alternativa a mais”, salienta. No mundo todo, comenta Cereser, o vinagre mais popular é aquele obtido da fonte alcóolica mais barata, como milho nos Estados Unidos e arroz no Japão. “Mas também, em qualquer parte, o vinagre mais apreciado e com maior valor agregado é o elaborado a partir do vinho”, diz ele. 


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