Fãs de todo o Brasil percorrem o país de um jeito diferente

Destino turístico: o ídolo


Vocé já se imaginou viajando por três cidades em um mesmo final de semana, no rastro de uma banda da qual é fã? Ou fazer amigos em vários cantos do Brasil, simplesmente por ser fiel a um time de futebol? E seguir uma festa itinerante por todo o país e gastar mais de R$ 2 mil com o ingresso de apenas uma delas? Esses são sentimentos, paixões e ações, compreendidas apenas por quem é realmente um fã; ou super fã...

Segundo o Dicionário Aurélio, a expressão vem do termo em inglês ‘fanatic’. O que nada mais é do que a definição para o indivíduo que tem dedicação, admiração ou amor exagerado por alguém ou por alguma coisa. Como acontece com a gaúcha Lauren Frois do Nascimento, que quando tinha apenas 14 anos fundou o primeiro fã clube da banda juvenil ‘Restart', em Santa Catarina: “Queria um meio mais fácil de estar sempre por perto deles. Uma forma de provar meu amor. Gosto muito do 'Restart' e queria ajudar a divulgá-los, tanto que conseguimos juntar 1,5 mil pessoas no nosso fã clube”, relembra a jovem, hoje com 16 anos.

Mas ser fã é sinônimo, muitas vezes, de promover loucuras. E Lauren não fez essas loucuras sozinha. Por ser menor de idade, mobilizou os pais e a irmã mais velha - que também ajudou a coordenar o fã clube. “Conheci várias cidades por causa do grupo. Teve uma vez que fomos a três cidades diferentes, em três dias seguidos: Joinville, Blumenau e Florianópolis (SC). E em todas, entrei no camarim. Quando dizia que eu ia encontrá-los na noite seguinte, eles nem acreditavam. Mas quando nos viam, ficavam impressionados. No último dia, todos já sabiam o meu nome”, se emociona.

SER FIEL

São nessas idas e vindas que os fãs vão acumulando amigos e roteiros turísticos pelo Brasil. Um lugar que antes não era nem percebido no mapa, passa a ocupar uma parte das lembranças desses seguidores apaixonados. A cada cidade, se aprende um pouco da cultura, se degusta as comidas típicas e se aproveita as belezas da região.
Um exemplo de fidelidade vem da corintiana Tatiana Sarkis, que ao acompanhar os jogos do time do coração já conheceu quase todas as capitais brasileiras. “Até para o México eu já fui seguindo o Corinthians. E por amor ao ‘Timão’, já viajei para várias partes do Brasil. Conheci Curitiba quando fui assistir a um jogo contra o ‘Coxa’ (Coritiba), e fiquei apaixonada pela cidade. Com a ‘Fiel’ conheci lugares do interior do país que nunca tinha imaginado ir, como Sete Lagoas (MG) e Pituaçu (BA) - uma cidade muito bonitinha e aconchegante”, lembra Tatiana.
Mas engana-se quem acredita que o amor incondicional do fã é apenas nos bons momentos. “Estava no jogo de Porto Alegre quando vi o Corinthians ser rebaixado (para a Série B, em 2007). Para mim foi como se não fosse haver o dia seguinte. Mas depois veio a sensação de exercitar a humildade. Tivemos que enfrentar disputas internas, mas nos recuperamos. Nunca pensei em deixar o time ou a torcida organizada. Ao contrário, achava que ele precisava de mim para se recuperar. Na minha família não tem ninguém corintiano e mesmo assim eu sou ‘Fiel’. Por isso, costumo dizer que não fui eu quem escolhi o Corinthians, foi ele quem me escolheu”, lembra a advogada e servidora pública.

CAMBALHOTA

Mas não é apenas o fanatismo por pessoas que movimenta o super fã. Grandes festas e eventos também agregam centenas de seguidores a cada ano. Para o brasiliense Arnaldo Martins, um ritmo em especial chama sua atenção: a música baiana. Figura marcante em festas de todo o Brasil, ‘Arnaldinho Cambalhota’, como ele mesmo se define, acompanha uma média anual de dez micaretas e festas similares de ‘carnaval fora de época’. “Comecei a seguir esses eventos quando tinha 16 anos, e gostei tanto que não parei mais. É muito bom poder curtir essas festas, pegar a energia boa que elas passam e voltar revigorado para o trabalho. Este ano fui para o carnaval de Salvador. E estou me programando para acompanhar a gravação do CD de 25 anos da banda Asa de Águia, em Recife; para o Fortal (em Fortaleza, em julho); e o Carnatal (em Natal, em dezembro). Essas são as certas, mas ao longo do ano podem aparecer outras”, se diverte o corretor de imóveis, de 35 anos.
Ele sabe que ser fã não é simplesmente saber tudo sobre o ídolo, de seus trabalhos à vida privada. É, sim, um estado de espírito, onde alegria e lágrimas se confundem. É amá-los, admirá-los, apoiá-los. Mais do que isso, é se divertir estando perto de quem (ou o que) se admira. “Como sempre acompanho os carnavais fora de época, tenho amigos em todos os estados do Brasil. Pessoas que, como eu, não são loucas, mas que se entregam nesses eventos. Por isso sempre faço algo diferente. Uma vez fui com uma melancia na cabeça. E nesse ano, no carnaval de Salvador, fiz só a metade da barba, para aproveitar o tema do evento que estava sendo patrocinado por uma lâmina de barbear. Para mim o mais importante é se divertir”.

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