Jordaan: "A Copa só dura 30 dias. Planejem muito além disso"

Considerado um dos responsáveis pelo sucesso sul-africano de 2010, Danny Jordaan manda recado aos brasileiros

Um dos responsáveis pelo sucesso da Copa do Mundo de 2010, o ex-chefe executivo do Comitê Organizador da Copa na África do Sul, Danny Jordaan, falou a um grupo de empresários e dirigentes que estiveram na Soccerex Global Convention, maior evento de negócios de futebol do mundo, encerrado nesta quarta-feira (30) no Forte de Copacabana, Rio de Janeiro.

Em sua palestra Jordaan usou de sua experiência para dar vários recados - alguns inquietantes, outros inspiradores - aos brasileiros envolvidos com a organização do evento em 2014: "A Copa dura somente 30 dias. Planejem muito além disso", aconselhou o ex-jogador e ex-membro do parlamento sul-africano durante o governo Mandela. "Foi importante para nós, sul-africanos, conseguirmos alcançar nossos objetivos de fazer uma boa Copa. Mas tudo só funcionou bem porque o nosso país inteiro abraçou o evento. Essa é a receita. É a única", observou.

Pequenos detalhes, grandes problemas - "Para o sucesso de uma Copa, é preciso contar com a integração entre todos os setores envolvidos na organização. É preciso também ter clareza sobre as responsabilidades nos contratos. Isso é fundamental, porque o que parecem ser pequenos detalhes agora podem se tornar grandes problemas com consequências enormes. E quando isso acontece, se você não tem muito claro quem são os responsáveis, você não tem de quem cobrar", reforçou, sempre sugerindo que um evento como a Copa do Mundo - que, segundo o Comitê Organizador brasileiro deve movimentar R$ 22,46 bilhões somente em infraestrutura - exige total coordenação entre os envolvidos.

"Nós começamos a construir a Copa sob desconfiança. E terminamos com todo mundo que desconfiava de nossa capacidade reconhecendo que o Mundial da África do Sul foi um dos maiores espetáculos da história do esporte", frisou. "Mas o que é importante saber é o seguinte: se os torcedores se divertem no evento, eles dirão que a Copa foi muito bonita, muito boa. Portanto, eles devem estar no centro de todas as preocupações".

As pessoas têm que ter um motivo para vir ao Brasil - Para Jordaan, pensar no legado da Copa é importante também para os negócios futuros, por que sinaliza para o mundo como o país vai se posicionar no mercado mundial - o que ele pretende oferecer aos turistas e investidores após a realização do evento. "Para as cidades-sede, é uma grande oportunidade de se posicionar no cenário mundial e atrair visitantes. Para isso, é preciso levar em conta que é preciso fazer algo que a destaque e que chame a atenção das pessoas de todos os lugares. Ou seja, é necessária uma estratégia para usar a Copa como plataforma de turismo e também de negócios. As pessoas têm de ter um motivo para visitar essas cidades durante a Copa, mesmo que suas seleções não joguem ali. E precisam querer voltar depois".

Ainda nessa linha, Jordaan diz que a África do Sul tinha um objetivo primário com a Copa: "O objetivo principal do Governo da África do Sul era fortalecer a imagem do país e do continente, que antes só eram citados como um lugar sem esperança. Queríamos mudar essa percepção, e, para isso, sabíamos que tínhamos que ser os melhores na preparação do evento", explica. "O importante é ter no horizonte que toda edição do Mundial tem de que ser diferente. Mas, enquanto as regras e as estruturas são iguais para todos os países que se propõem a ser sede, cada um deles tem que se esforçar para apresentar o que tem de melhor e fazer com que a ‘sua’ Copa seja diferente e marcante aos olhos dos visitantes. De minha parte, espero ver um Mundial maravilhoso no Brasil".

fonte: Soccerex

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