Empresas chinesas anunciaram investimentos em 86 projetos produtivos, que somam US$ 37,1 bilhões no Brasil, entre janeiro de 2003 e janeiro de 2011

Empresas chinesas anunciaram investimentos em 86 projetos produtivos, que somam US$ 37,1 bilhões no Brasil, entre janeiro de 2003 e janeiro de 2011, segundo a Rede Nacional de Informações sobre o Investimento (Renai), que faz parte do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Além de anúncios de novos negócios ou fusões e aquisições, o levantamento também considera a base de dados da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).

No período analisado, o setor de metais - incluídas as atividades de extração e de metalurgia – recebeu a maior parte dos anúncios de investimento (56,5 %), seguido pelos segmentos de petróleo, gás e carvão (28 %), energia elétrica (5,2%), automotivo (4 %) e logística de transportes (1,9 %).

Regiões – O Sudeste é o principal destino (67,1%), além de ter também uma participação conjunta de 11,7% investimentos partilhados com outras regiões, Sudeste/Nordeste (7,0%) e Sudeste/Centro-Oeste (4,7%). O Rio de Janeiro teve 20% dos anúncios e, em conjunto com São Paulo e Espírito Santo, concentrou outros 19,2%, especialmente por conta de investimentos em petróleo e gás. Considerando apenas os investimentos destinados ao Sudeste, os setores de metais e petróleo, gás e carvão corresponderam a 94,15% do investimento, em 23 operações.

Na região Norte, os principais anúncios foram para os setores de metais (67,5%), duas rodas (20,5%) e eletroeletrônicos (9,7%), num total de 35 anúncios. No Nordeste, os investimentos chineses anunciados foram destinados, principalmente, aos setores de metais (75,9%) e alimentação e fumo (14,5%). Para o Sul, foram anunciados três projetos, sendo a maior participação para o setor de energia elétrica (91,3%).

Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul concentram 20% dos investimentos estrangeiros diretos (IED) em todo o mundo, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). O pesquisador André Calixtre avalia que a interação entre os países emergentes ganhou mais impulso na última década, e fez-se sentir mais significativamente durante e depois da recente crise financeira mundial. Ele afirmou que quase dois terços do crescimento da demanda global, em 2008 e 2009, foram garantidos pelo Brics, com maior participação da China (40%), seguida por Índia (12,5%), Rússia (6,3%), Brasil (3,5%) e África do Sul (0,7%).

Interesse aumentou nos dois últimos anos

A maior parte dos anúncios de investimentos chineses ocorreram a partir do segundo semestre de 2009, até o final do ano passado, sob a forma de aquisições de participação, em setores ligados à infraestrutura e matérias-primas, como petróleo e gás e mineração. Em 2010, especificamente, os investimentos chineses anunciados no Brasil totalizaram US$ 17,17 bilhões, sendo US$ 4,08 bilhões em novos investimentos e US$ 13,09 bilhões em operações de aquisição.

Segundo o coordenador da Renai, Eduardo Celino, desse total, US$ 14,34 bilhões estão ligados a commodities (petróleo e gás e metais), o que evidencia a estratégia chinesa de garantir autofornecimento de matérias-primas. Os US$ 2,88 bilhões restantes destinam-se aos setores de infraestrutura – transmissão de energia elétrica – e de produtos manufaturados, como automóveis e máquinas e equipamentos.

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