Nova realidade exige adaptação do mercado Operadoras e agências discutem soluções para continuar crescendo em meio aos novos desafios no setor de Tur

Estratégias comerciais para que agências e operadoras de viagens se adaptem ao perfil do novo consumidor do mercado de turismo foram o tema central da Sala Temática – Operadoras, no segundo dia do 38º Congresso Brasileiro das Agências de Viagens e Feira das Américas – ABAV 2010. A mesa, formada pelo presidente da Associação Brasileira de Operadoras de Turismo - BRAZTOA, José Eduardo Barbosa, pela Diretora de Eventos da ABAV Nacional, Carmen Marun, pelo Gerente Nacional do Projeto Viaja Mais Melhor Idade, Enzo Arns, pelo vice-presidente da BRAZTOA e diretor da Marsans Viagens no Brasil, Jaime Abraços e pelo diretor de Tecnologia da BRAZTOA Marcos Ferraz, da Operadora Monark, discutiu meios de absorver a nova re alidade no setor, que tornou menos clara a relação comercial entre operadoras e agências, um desafio para os profissionais.

A dificuldade se dá, principalmente, pela venda de passagens aéreas pela internet, feita diretamente pelas companhias e pela facilidade de acesso às OTAs (agências de viagens online). O consumidor da classe média de hoje, muitas vezes, deixa de procurar os serviços especializados para planejar a viagem por conta própria, às vezes, indo direto aos fornecedores, outras por meio de operadoras que também atendem diretamente, questão levantada pelos agentes presentes no encontro.

Para a Diretora de Eventos da ABAV Nacional, Carmen Marun, a nova classe média pode ser incorporada ao mercado com sucesso, pois tem pouca experiência em viajar e mesmo pagando menos, precisa de auxílio. “O agente vai ser cada vez mais importante, especialmente para essa fatia de público, que tem necessidades especiais”, explicou, sugerindo que sejam criados produtos específicos para estes clientes. Jaime Abraços reconhece a necessidade do setor se preparar para receber esse consumidor diferenciado. “Temos uma demanda forte, mas a carência na infraestrutura é muito grande.”

Os idosos também são um público que cresce cada vez mais nesse mercado e, segundo Enzo Arns, merece atenção dos agentes, pois consumidores da terceira idade podem viajar regularmente, têm necessidades variadas e, em geral, se organizam em grupos. “A primeira coisa é entender que temos grupos diferentes. E classificá-los num grande bloco é correr um risco muito grande de errar na estratégia”, argumentou. Arns defende ainda a função do agente como fundamental. “O agente de viagens é quem pode garantir que o cliente vai ter o atendimento após a compra do pacote.”

O corte das comissões pelas companhias aéreas, ação que já causou crises no mercado internacional, também foi motivo de discussões. De acordo com José Eduardo Barbosa isso pode ser superado com criatividade, como nos casos da Argentina, Espanha e Portugal. “Esses mercados passaram por situações similares e deram soluções bastante interessantes.”

Barbosa explicou ainda que em muitos dos casos a receita dos agentes está mais nas taxas de serviços do que nas comissões. Ele também não acredita que o fato vá afetar significativamente o cenário turístico no Brasil. “Desde 2003, o crescimento aproximado do turismo no País é entre 15% e 20%. A expectativa para esse ano é de aumento de 25%”, comemora, reconhecendo que em 2009 o mercado foi abalado em decorrência da crise econômica e da gripe H1N1. Para ele, o número maior de consumidores é uma grande oportunidade. “A questão é achar novas áreas de atuação dentro do mercado de lazer.”

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