Festival Internacional de Jardins de Chaumont-sur-Loire, um dos mais importantes eventos paisagísticos do mundo será em SP

Festival Internacional de Jardins de Chaumont-sur-Loire, um dos mais importantes eventos paisagísticos do mundo, ganha pela primeira vez versão fora da França no Museu de Arte Moderna de São Paulo (Brasil)

Festival de Jardins do MAM no Ibirapuera tem abertura no dia 22 de setembro (quarta-feira) trazendo projetos de paisagistas franceses, como Louis Benech e Florence Mercier, e artistas visuais brasileiros, como Ernesto Neto e Beatriz Milhazes, que exploram o tema da alimentação do corpo e do espírito

Evento tem curadoria de Felipe Chaimovich e cocuradoria de Chantal Colleu-Dumond e conta com a colaboração da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo e do Domaine de Chaumont-sur-Loire

Mesa-redonda sobre paisagismo acontece no dia 23 de setembro, com a presença dos curadores e mediação de Magnólia Costa, coordenadora editorial do MAM-SP

Um dos mais importantes eventos de paisagismo do mundo, o Festival Internacional de Jardins de Chaumont-sur-Loire, ganha pela primeira vez versão fora da França, produzida pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo, no Brasil, a partir do dia 22 de setembro (quarta-feira), às 10h, coincidindo com o dia inicial da primavera no hemisfério Sul. Com curadoria de Felipe Chaimovich e cocuradoria de Chantal Colleu-Dumond, em colaboração da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo e do Domaine de Chaumont-sur-Loire, o Festival de Jardins do MAM no Ibirapuera traz nove jardins projetados por paisagistas franceses, entre eles Louis Benech e Florence Mercier, e por artistas brasileiros como Ernesto Neto e Beatriz Milhazes. O tema da curadoria será a alimentação, que foi interpretado pelos participantes em dois sentidos: alimentação do corpo ou do espírito.

A abertura acontece às 10h do dia 22 de setembro (quarta-feira), com uma breve apresentação acompanhada de café-da-manhã nas dependências do museu. Na sequência, será aberta a visitação aos jardins. O patrocinador exclusivo do Festival de Jardins do MAM no Ibirapuera é a Fundação Nestlé Brasil. No dia seguinte à abertura, 23 de setembro (quinta-feira), das 18h às 20h, será realizada uma mesa-redonda debatendo temas relativos ao Festival com seus curadores, sob mediação de Magnólia Costa (veja detalhes no fim do release).

O Museu de Arte Moderna de São Paulo, inserido no Parque do Ibirapuera, é o cenário ideal para a primeira incursão do consagrado evento de paisagismo. Inaugurado em 21 de agosto de 1954, o Parque do Ibirapuera foi concebido pelos arquitetos Oscar Niemeyer, Ulhôa Cavalcanti e Zenon Lotufo, com paisagismo de Augusto Teixeira Mendes inspirado no estilo de Roberto Burle Marx. Com 1,584 milhão de metros quadrados, é um dos parques mais procurados pela população local, sendo a mais importante área verde e de lazer da cidade. Além disso, o Ibirapuera concentra um grande número de equipamentos culturais, sendo um polo de referência cultural em todo o país.

Cada jardim tem 200 m². Eles são distribuídos em volta da marquise projetada por Niemeyer, onde está localizado o Museu de Arte Moderna de São Paulo. Assim, o museu dá continuidade a sua linha de arte e ecologia, desenvolvida com as exposições de Frans Krajcberg (2008), de Roberto Burle Marx (2009) e com a coletiva Ecológica (2010).

O Festival Internacional de Jardins de Chaumont-sur-Loire é uma referência internacional em paisagismo, sendo organizado pelo Domaine de Chaumont-sur-Loire desde 1992 nas dependências desse museu francês.


Projetos e autores

Beatriz Milhazes
A artista fluminense cria um sol, fonte primeira de vida e alimentação, em semicírculos concêntricos e formas geométricas irregulares, totalmente plantados com girassóis. As formas remetem à sinuosidade de seus trabalhos em pintura, imprimindo delicada poesia ao verde do Parque.
A artista: Beatriz Milhazes (Rio de Janeiro – RJ, 1960) é hoje um dos nomes brasileiros mais conceituados no exterior. Suas obras estão em acervos de instituições como MoMA, Guggenheim e Metropolitan Museum (NY), e também no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Christine & Michel Péna
O casal de paisagistas criou Le jardin amuse-guele (em livre tradução, O jardim aperitivo), simulando uma toalha de piquenique que remete a hábitos de alimentação locais.
Os artistas: Christine Péna nasceu em 1958 na cidade de Metz (Moselle, França) e Michel Péna nasceu em 1955 na vila de Bouscat (Gironde, Aquitânia, França). Ambos se formaram na École Nationale Supérieure du Paysage de Versailles em 1983, casando-se no ano seguinte. Trabalham juntos desde então, atualmente com a sociedade Péna & Peña, criada em 2004. Entre seus projetos, estão o bosque da Riviera, em Bordeaux e os canteiros da nova linha dos Tramway (bondes elétricos) em Nantes.

Erik Borja
Apropriando-se de símbolos da cultura oriental, o paisagista cria um espaço em que uma estrutura de metal bruto forma o ideograma chinês Hé, que significa cereal, base da alimentação na China.
O artista: Erik Borja, artista visual e escultor de formação, tem como obra mais conhecida o Jardim Zen no Domaine de Clairmont, aberto à visitação pública. O paisagista utiliza elementos orientais em seus trabalhos para fazer da natureza a conexão entre a estética e o espiritual.

Ernesto Neto & Daisy Cabral Nogueira
O jardim do artista carioca chama-se Ovogênese, jardim e é delimitado por um caminho sinuoso, cujo desenho forma uma entrada única para o centro do jardim, que visto de cima se assemelha a um feto em gestação.
O artista: Ernesto Neto nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 1964. Sua formação artística se deu em cursos do Parque Lage e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, nos anos 80. Multimídia, trabalha com tecidos de poliamida preenchidos com chumbo, criando formas orgânicas, tubos de malha com especiarias, em alusão ao corpo. Chega às “naves”, grandes instalações penetráveis pelo público. É um dos artistas brasileiros em maior evidência no exterior hoje e figura na coleção do MAM-SP com a obra Copulônia (1989/91).

Florence Mercier
Planos verticais formados por tecido translúcido resultam numa construção penetrável, cujos caminhos serão cobertos de ardósia. No centro, inacessível ao visitante, serão espalhadas sementes de flores campestres.
A artista: Após os estudos na Universidade Paris XI-Orsay em ciências da natureza e da vida e, na sequência, na École Nationale Supérieure du Paysage de Versailles, Florence Mercier (1960), fundou seu escritório em Paris, em 1988. Seus projetos são de gamas variadas do paisagismo, do jardim ao território, na França e no exterior. Entre outros projetos, realizou o Jardin dévoilé (Jardim desvendado, 2000) e o jardim chamado de Graines de conscience (Grãos de consciência, 2008) pelo Festival Internacional de Jardins de Chaumont-sur-Loire.

Louis Benech
No formato de um labirinto, o jardim tem estrutura circular dividida por pés de milho, entremeados por árvores frutíferas. No entanto, as árvores e plantas frondosas criam obstáculos para o visitante, como num pomar que se fechasse sobre si mesmo, causando a sensação de estar perdido como nos antigos labirintos de plantas de castelos e afins.
O artista:
Mestre em direito, Louis Benech trabalha com paisagismo desde 1985, profissão que adotou por amor às plantas e à natureza. Aprendeu a profissão trabalhando nos Viveiros Hillier. Entre algumas de suas realizações, está a revitalização da parte antiga do Jardin des Tuileries. Tem mais de 250 projetos concebidos e realizados em países como Coreia, Canadá, Estados Unidos, Marrocos e Grécia, em que alia a estética a questões ambientais, sempre preservando as características da flora local.

Maro Avrabou & Dimitri Xenakis
O jardim é composto por estantes metálicas que delimitam um espaço interno para os visitantes andarem como por entre corredores de um supermercado. Nas estantes estão fixadas latas com plantas comestíveis, identificadas por rótulos que figuram a espécie cultivada.
Os artistas:
Maro Avrabou (1960) é artista e desenhista de luz atuante nos campos das artes visuais, do teatro, da dança e da ópera. Dimitri Xenakis é artista e trabalha com paisagismo, renovando incessantemente sua linguagem artística para dialogar com o meio ambiente. Trabalham em dupla sempre investigando espaços de vida, pontos de vista, formas e luz, em busca de novos territórios dentro do paisagismo, sejam ambientes urbanos ou naturais. Entre projetos já apresentados, estão da edição de 2006 do Festival International de Jardins de Chaumont-sur-Loire e do Festival de Jardins de Cingapura.

Michel Racine & Béatrice Saurel
Uma composição de tecidos é delimitada por árvores e cerca vegetal. Os elementos de tecido retomam a tradição europeia de amarrar tiras de roupa de uma pessoa doente numa árvore, pela crença no seu poder de cura.
Os artistas: Michel Racine, um dos nomes mais destacados do paisagismo na França, é paisagista, urbanista e arquiteto DPLG (licenciado), especializado em criação de jardins e valorização de paisagens culturais. Tem inúmeros livros publicados e atua nas mais importantes instituições voltadas à area de urbanismo e paisagismo da França, entre as quais a École Nationale Supérieure du Paysage de Versailles (professor) e o Comité International des Paysages Culturels/ ICOMOS-IFLA (membro votante). Béatrice Saurel é formada pela École Supérieure de Design Graphique, (ATEP, 1987-90) e pela École Nationale Supérieure du Paysage (ENSP, 2006-2007). Além dos projetos em parceria com Racine, atua também como consultora do Ministère de l’Écologie, du Dèveloppement et de l’Aménagement Durables, bem como de empresas privadas como Otis e Weleda.

Pazé
Os dois conjuntos de mandacarus plantados pelo artista têm esferas vermelhas com iluminação interna, mimetizando os frutos naturais dessa planta. Para o artista, esses cactos isolados compõem uma visão fantástica, que contrasta a secura típica da caatinga brasileira com o potencial alimentar do mandacaru.
O artista: Nascido em São Paulo, SP, em 1962, formou-se em artes visuais pela Fundação Armando Álvares Penteado. Entre as exposições individuais de que participou, estão A coleção (2010), em sua galeria atual, Casa Triângulo; e Cinzas (2002), na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Participou no MAM-SP das coletivas Panorama da Arte Brasileira (2005), Gabinete de Desenhos (2007) e MAM na Oca (2006). Sua obra Transeunte (2001) figura no acervo do museu.


Os curadores
Felipe Chaimovich, curador do Museu de Arte Moderna de São Paulo desde janeiro de 2007, nasceu no Chile e é brasileiro radicado no Brasil. É doutor em filosofia pela Universidade de São Paulo e professor do curso de Artes Plásticas da FAAP. É membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte e do Comitê Brasileiro de História da Arte. Como curador, realizou as exposições Panorama da Arte Brasileira 2005, Cinquenta 50, 2080, Sono da Razão, Dez dias de arte conceitual no acervo do MAM e Duchamp-me (MAM-SP), Forma Perversa (Galeria Luisa Strina) e Ouro de Artista (Casa Triângulo/ Projeto Leonilson), entre outras. Tem um livro publicado sobre o artista plástico Iran do Espírito Santo (São Paulo: Cosac Naify, 2000).
Chantal Colleu-Dumond é diretora do Domaine de Chaumont-sur-Loire desde 2007. Foi conselheira cultural na Embaixada da França em Berlim e diretora do Instituto Francês de Berlim entre 2003 e 2007. Exerceu diversos cargos como conselheira cultural e científica na Alemanha e na Romênia, junto ao corpo diplomático francês.


MESA-REDONDA DO FESTIVAL DE JARDINS DO MAM NO IBIRAPUERA COM OS CURADORES

Componentes: Chantal Colleu-Dumond (Diretora do Festival de Jardins de Chaumont-sur-Loire) e Felipe Chaimovich (Curador do MAM-SP), com mediação de Magnólia Costa (Coordenadora editorial do MAM-SP)
Data: 23 de setembro (quinta-feira)
Local: Auditório Lina Bo Bardi do MAM-SP
Horário: 18h às 20h
Entrada franca

Quais são os desafios para inserir o paisagismo no debate da arte contemporânea? Esta mesa-redonda discutirá a parceria entre o Museu de Arte Moderna de São Paulo, o Parque do Ibirapuera e o Festival de Jardins de Chaumont-sur-Loire, da França, para a realização do primeiro festival de jardins na cidade de São Paulo. O Festival de Chaumont acontece anualmente, desde 1992, trazendo para o Brasil uma experiência bem sucedida de festivais de paisagismos baseados num tema anual de curadoria. O MAM-SP, por sua vez, vem consolidando uma linha de arte e ecologia, realizando agora uma parceria concreta com o Parque do Ibirapuera a partir do tema da alimentação. Por outro lado, os artistas selecionados pela Diretora de Chaumont são paisagistas de carreira, enquanto os brasileiros selecionados pelo curador do MAM-SP são artistas contemporâneoas que estão realizando seus primeiros jardins; como se deu esse encontro? Quais são os desafios para enxergarmos o jardim como uma linguagem plástica contemporânea?


SERVIÇO
Festival de Jardins do MAM no Ibirapuera (arredores do MAM-SP)
Abertura: 22 de setembro de 2010, a partir das 10h
Visitação: 22 de setembro a 31 de dezembro de 2010
Mesa-redonda: 23 de setembro (quinta-feira), das 18h às 20h (entrada franca)
Endereço: Parque do Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portão 3)
tel (11) 5085-1300
Horários: diariamente, das 5h às 22h (horário de visitação do Parque Ibirapuera)
Entrada franca
Agendamento gratuito de visitas em grupo pelo tel. 5085-1313 e email educativo@mam.org.br
Site: www.mam.org.br

Estacionamento no local (Zona Azul: R$ 3 por 2h)
Restaurante/café


Patrocínio
Fundação Nestlé Brasil

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