Em Holambra, até os meninos entram na dança durante a Expoflora







Jovens holambrenses sentem-se orgulhosos de vestir as roupas típicas
e resgatar as tradições familiares por meio das danças holandesas

Por todo o recinto da Expoflora é fácil encontrar crianças, jovens e adultos, de ambos os sexos, com trajes típicos holandeses, desfilando de um lado para o outro com seus barulhentos tamancos de madeira chamados Klompen. Essa turma, que atrai a atenção e o foco das câmeras fotográficas dos turistas que visitam a Expoflora em setembro, é formada por cerca de 300 dançarinos divididos em uma dezena de grupos, de acordo com a faixa etária. Com afinco, eles ensaiam de fevereiro a agosto para apresentar-se de hora em hora nos três palcos montados no recinto da Expoflora, a maior exposição de flores e plantas ornamentais da América Latina, realizada em Holambra, antiga colônia holandesa. O evento foi realizado no período de 2 a 26 de setembro.
As crianças não vêem a hora de completar 10 anos de idade para ingressar nos grupos. As danças, que contribuem para manter vivas as tradições de diferentes regiões da Holanda, são, para todos, uma alegre diversão. Isto porque todas as coreografias são inspiradas na natureza (dança da chuva, do pica-pau e a polca no gelo, que lembra patinação), nas profissões e ofícios (sapateiro, lavadeira, marinheiro, do ato de bombear água, da preparação da cerveja), nas colheitas (carregador de feijão, cevada madura) e em histórias sobre a origem e as tradições do povo holandês, representadas por meio de valsas, marchas, mazurcas e schots (que virou xote).
O grupo de dança de Holambra é o único no mundo a reunir coreografias de diferentes regiões da Holanda, que chegam ao Brasil por meio de um trabalho de intensa pesquisa. Além de visitar constantemente regiões holandesas, o coordenador dos grupos, Piet Schoenmaker, mantém contato com uma fundação daquele país para a aquisição de livros didáticos, catálogos, vídeos e discos. Algumas das coreografias datam de 1600.
Todos os grupos são batizados com nomes de flores, escolhidos pelos próprios integrantes. Ao escolher o nome de uma flor para o grupo, os dançarinos são orientados a pesquisar sobre sua história, origem e particularidades. Por ano, cada grupo aprende cerca de 16 coreografias que somente podem ser repetidas quando os dançarinos já estão juntos há dez anos. Dessa forma, cada um aprende, no mínimo, 160 diferentes danças ao longo de uma década. As aulas são gratuitas.

Orgulho das origens
A maior parte dos participantes dos grupos de dança é descendente dos imigrantes que fundaram a antiga colônia depois da Segunda Guerra Mundial. O orgulho das origens é demonstrado na descontração com a qual desfilam e dançam na Expoflora, usando bombachas ou calças pretas, gorro de feltro ou de pele enfeitados com três laços de fita na parte posterior (homens) e longas saias com listras coloridas combinando com corpetes pretos ou saias pretas contrastando com corpetes bem floridos, além de toucas de renda (mulheres).
Para os integrantes dos grupos, dançar faz parte da rotina. Tanto que o afastamento das danças só ocorre na época em que os jovens chegam à faculdade, já que muitos vão para universidades em outros estados brasileiros ou para a Holanda, onde têm parentes. Mesmo assim, os ex-integrantes sempre retornam ao grupo na primeira oportunidade, em alguns casos já acompanhados pela esposa ou marido e, depois, também pelos filhos.

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