COMEÇA HOJE TEMPORADA DE CAÇA DE BALEIAS NA NORUEGA

A WSPA (Sociedade Mundial de Proteção Animal) considera estranhamente propício que a Noruega escolha começar outra temporada de caça de baleias no dia mundialmente conhecido como “Dia da Mentira”. Ativistas contra a caça de baleias estão ainda mais impressionados com o fato de que neste ano os caçadores noruegueses irão matar 1.286 baleias – a quota mais alta estabelecida pelo governo da Noruega nos últimos 25 anos.

“A decisão unilateral do governo da Noruega de permitir a maior caça em 25 anos desafia toda a lógica, assim como a opinião popular naquele país”, disse Claire Bass, Gerente de Programas de Mamíferos Marinhos da WSPA, que completou: “O mercado para produtos derivados da carne de baleia simplesmente não existe e estipular uma quota absurdamente grande não irá mudar isso”.

A quota deste ano é a maior desde que a Noruega começou a estipular suas próprias quotas, de maneira unilateral, desafiando a proibição global à caça comercial de baleias. E ela vem num momento em que há uma queda na demanda de carne de baleia. Na verdade, os números inflados deste ano se devem em grande parte à quota não aproveitada de 401 baleias de 2009, quando os caçadores noruegueses terminaram sua temporada de forma prematura justamente por esse colapso na demanda doméstica por carne de baleia. (nota 1)

Numa prova incontestável da queda de demanda, “Norges Råfisklag” (a associação comercial dos pescadores noruegueses), responsável por fixar anualmente os preços mínimos para a carne de baleia, viu esses preços caírem para o módico valor de 30 kroner noruegueses (aproximadamente R$8 por quilo), muito mais barato que a carne bovina por lá.

Apesar dessa evidência, a Noruega agora compete com o Japão no que diz respeito ao número de baleias que mata. Este ano o programa de “caça científica”, como chama o governo japonês, pretende matar 1.280 baleias, apesar do estoque de milhares de toneladas de produtos (não vendidos) derivados de baleias, que atualmente lotam os depósitos japoneses.

“O governo norueguês precisa parar de defender e justificar essa indústria cruel e desnecessária quando seus recursos seriam muito melhor investidos no desenvolvimento do turismo de observação de baleias, que é muito mais lucrativo, sustentável e humanitário para com as baleias”, concluiu Claire. (nota 2)

Trabalhando em conjunto com parceiros noruegueses, a WSPA organizou a exibição chamada Eye to Eye (“Olho no Olho”), com fotos de baleias em tamanho real. (nota 3) As pessoas que visitam a exposição têm manifestado sua oposição à caça de baleias na Noruega participando de um abaixo-assinado que será apresentado ao Ministério da Pesca daquele país até o final de abril, solicitando uma revisão urgente da política de caça de baleias da Noruega. A mostra, que atualmente se encontra na estação central de Oslo, já rendeu 3.600 assinaturas. Essas pessoas que assinaram e outros noruegueses concordam que a caça comercial de baleias é arcaica, desnecessária e desumana, que não tem lugar numa sociedade progressista e moderna como a da Noruega.



Notas:
• 1. Uma indústria em declínio:
- A captura norueguesa em 2009 foi a menor em 9 anos, com 484 baleias caçadas dentro do quota máxima de 885
- Em outubro de 2008 a companhia norueguesa Ellingsen, voltada para o comércio de frutos do mar, decidiu não processar nem vender produtos derivados de baleias alegando falta de lucratividade. Anteriormente, a empresa havia comprado cerca de 30% do volume total de carne. Portanto, é provável que sua saída tenha causado um impacto negativo na cadeia de processamento e venda.

2. Uma indústria cruel:
- Baleias geralmente são mortas com arpões explosivos que são detonados dentro de seus corpos. O tempo médio para o animal morrer, de acordo com a Noruega, é de dois a três minutos, embora algumas baleias possam levar mais de uma hora para morrer.

Uma alternativa à caça de baleias:
- O turismo de observação de baleias é economicamente mais significativo e sustentável para mais comunidades a pessoas no mundo do que a caça é. Estima-se que, a cada ano, a indústria de observação de baleias arrecade 1,25 bilhão de dólares e alcance 10 milhões de pessoas em mais de 90 países.

3. Exposição Eye to Eye
A WSPA está trabalhando com organizações de proteção animal da Noruega e com o fotógrafo Bryant Austin para levar uma exposição de imagens em tamanho real de baleias a cidades norueguesas. A exposição Eye to Eye oferece aos visitantes uma visão única dessas enigmáticas criaturas, acompanhada pelos sons de baleias. As fotos enormes privilegiam os olhos de baleias jubarte, sperm e minke, permitindo que os visitantes se identifiquem com elas como mamíferos.


A Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA) é a maior federação de organizações de bem-estar animal do mundo, representando mais de 1.000 afiliadas em 156 países. Através de trabalhos de campo, campanhas, trabalho legislativo, educação e programas de treinamento, a WSPA luta para criar um mundo onde o bem-estar animal importe e os maus tratos contra os animais tenham fim.

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